A operação das chamadas “bets chinesas” com apostas on-line irregulares se apropria, sem autorização, de dados pessoais de brasileiros para abrir contas bancárias usadas para movimentar o dinheiro em jogos como o do “tigrinho”. É o que aponta uma apuração exclusiva do jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo a reportagem, as vítimas do crime am a ser ameaçadas por apostadores que também são vítimas do golpe e ficam sem receber prêmios a que, em tese, teriam direito. Elas não sabem que tiveram nome e F usados no esquema.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
Como revelado pelo Estadão, o esquema é operado por estrangeiros (especialmente chineses) que usam brasileiros para criar empresas e cadastrá-las no sistema oficial de solicitação de registro de novas casas de apostas do governo federal.
Enquanto as solicitações não são analisadas, os golpistas usam CNPJs e números de protocolo para simular a legalidade de sites irregulares que não poderiam estar em atividade.
A reportagem do Estadão encontrou pessoas que tiveram dados usados sem autorização para a abertura de empresas. Bárbara (nome fictício), de 25 anos, natural de Cachoeirinha (RS), aparece como dona de pelo menos cinco empresas. As inserções foram feitas por uma cunhada, cooptada por um estrangeiro para abrir empresas e cadastrá-las no site do Ministério da Fazenda em troca de R$ 600.

Procurada pelo jornal, ela disse que não sabia que se tratava de golpe e retirou os protocolos.
Mas os dados de Bárbara também foram usados para a abertura de uma conta em uma fintech para transferências de dinheiro. Essa conta serviu para receber depósitos feitos por apostadores em plataforma de jogos, sem o conhecimento dela. Os sites costumam alterar periodicamente as contas utilizadas.
No dia 8 de novembro, de acordo com o Estadão, um grupo de apostadores se sentiu lesado por não receber o prêmio que a bet informou a que eles teriam direito. Por meio de buscas ao nome atrelado à empresa para a qual fizeram o depósito, descobriram um telefone celular de Bárbara, e a jovem ou a receber ameaças.
Leia também: “Mega-Sena tem ganhadores em quase mil cidades diferentes”
A reportagem teve o a algumas das mensagens recebidas pela mulher. Os apostadores mencionavam nomes de familiares de Bárbara e diziam que iam aos pais dela. “Não tô querendo ser pilantra, só quero meu ‘milão’”, avisou um dos apostadores.
As “bets chinesas” oferecem jogos como o do “tigrinho”, mas sem critérios claros de funcionamento nem sobre as chances de vitória em cada aposta. Hoje, só 101 empresas têm aval para funcionar no período que o governo chama de “adequação”, até 31 de dezembro.
Morador de Aparecida de Goiânia (GO), Matheus Marzzio de Paula, de 27 anos, relatou à reportagem um caso semelhante de xingamentos, mas depois mudou o discurso. Ele aparece como dono da Bern Participações, empresa usada para depósitos em sites de “bets chinesas”.
Leia também: “Lula escolhe ex-lobista de bets para chefiar órgão que fiscaliza o setor”
Primeiro, ele disse que “tem um monte de número me mandando mensagem por causa de ‘tigrinho’, gente falando que mandou dinheiro para mim”.
Consultado no dia seguinte pelo Estadão sobre a ida à polícia, surgiu com outra história. “Poderia me informar o site [em que a empresa estava como intermediadora], com prints, se tiver como">

Entre ou assine para enviar um comentário. Ou cadastre-se gratuitamente
Você precisa de uma válida para enviar um comentário, faça um upgrade aqui.