Em editorial publicado nesta quinta-feira, 10, o jornal O Estado de S. Paulo opinou sobre a saída de Juscelino Filho da chefia do Ministério das Comunicações do governo federal. A decisão partiu do então ministro, depois de orientação de Luiz Inácio Lula da Silva, que entendeu insustentável sua permanência diante de denúncia da Procuradoria-Geral da República por suposto desvio de emendas.
+ Leia mais notícias de Imprensa em Oeste
“Tardia, a saída do ministro foi finalmente sacramentada”, afirmou o jornal. “Não [ocorreu] por uma decisão do chefe diante das fartas evidências de malversação de recursos públicos no Maranhão, Estado do parlamentar, ou das suspeitas de transformação da pasta num balcão de negócios privados a serviço da família do então ministro, e sim por ele ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal, sob acusação de desvio de emendas parlamentares.”
Aos olhos do Estadão, a justificativa para a tolerância de Lula com Juscelino Filho, cujas acusações e evidências se tornaram públicas desde o primeiro mês de 2023, é uma “conveniência fisiológica partidária”.
“Dois anos após as revelações, pelo ‘Estadão’, de seus malfeitos, o encalacrado ministro Juscelino enfim deixa o cargo”, escreveu o jornal. “Saída tardia de quem só estava ali por conveniência de um governo fraco.”
Denúncias contra Juscelino Filho e futuro da pasta

Na terça-feira 8, a PGR denunciou o então ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O motivo foi uma suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de emendas parlamentares.
Antes de pedir licença da função de deputado federal para assumir o cargo, Juscelino destinou emendas para a Prefeitura de Vitorino Freire (MA), sob a istração de sua irmã Luanna Rezende. As suspeitas são de que ele teria recebido propina em troca da destinação dos recursos e de direcionamento de contratos a empresas específicas.
Para o Estadão, “mesmo que Juscelino fosse uma sumidade no campo das Comunicações – o que nunca foi –, ou ainda que as denúncias fossem o resultado de uma implacável reação de inimigos com interesses supostamente atingidos por uma eventual revolução promovida pelo ministro, o fato é que um cargo público como o de ministro de Estado é incompatível com tamanha zona de sombras”.
“Na cosmologia de um governo fraco como o de Lula, contudo, indispor qualquer partido de sua base rarefeita é um luxo de alto risco, razão pela qual a paciência presidencial mostrou-se inabalável ao longo do tempo”, entende o jornal.
Leia mais: “O Brasil (só) precisa sobreviver a Lula”, artigo de Adalberto Piotto publicado na Edição da Revista Oeste
O Estadão finaliza o texto de um modo desesperançoso com o futuro da pasta das Comunicações. Isso porque o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) se apressou em informar que o “nome natural” para o cargo é o do deputado Pedro Lucas Fernandes. Este é maranhense, como Juscelino, e líder do partido na Câmara.
Para o jornal, seria uma escolha novamente política, e não técnica. “O nome do ministro e suas qualificações, obviamente, não têm a menor importância nesse caso”, conclui.