O esquema de segurança para o funeral do papa Francisco tem monopolizado a atenção mundial nesta semana. No entanto, muito além de um aspecto pontual, o tema, de modo geral, é uma das curiosidades que cercam a rotina da Santa Sé, a entidade jurídica e diplomática que representa a Igreja Católica.
Afinal, não são poucos os motivos que exigem uma robusta estrutura para minimizar ameaças e proteger não apenas o pontífice, mas toda a estrutura que compõe a Cúria romana, que é o governo central do catolicismo cujo território físico é o Vaticano, estado independente e soberano fincado na região oeste de Roma, às margens do Rio Tibre.
Papa recebe cuidados de forças especializadas
Em breve, o tradicional conclave vai eleger o novo papa. A vida do cardeal que irá suceder Francisco no trono de São Paulo ará a ser uma responsabilidade compartilhada entre diferentes forças altamente especializadas. A mais famosa delas é a Guarda Suíça Pontifícia.
Essa guarda é uma corporação armada composta exclusivamente por cidadãos suíços, criada em 1506. Seus membros são conhecidos pelos trajes coloridos e pela aparência cerimonial. Por trás do figurino alegórico, contudo, estão agentes de segurança de elite. Além da Guarda Suíça, o Vaticano conta também com o Corpo da Gendarmaria, uma força policial responsável por patrulhamentos, investigações e escoltas.
Os perigos inerentes ao cargo
O zelo para tanta proteção extrapola fatores religiosos. O papa não é só o líder espiritual de mais de 1,37 bilhão de católicos. Do mesmo modo, ele é chefe de Estado do Vaticano, ou seja, presidente de um país que, por curiosidade, é o menor do mundo, com uma área territorial equivalente a meio quilômetro quadrado.
O cargo naturalmente o coloca na posição de figura pública de grande influência internacional, tornando-o um alvo potencial de ameaças políticas, religiosas e ideológicas. A segurança do pontífice é um trabalho contínuo, que envolve monitoramento, vigilância, escoltas e táticas de inteligência. Em eventos públicos, como audiências na Praça São Pedro ou viagens internacionais, há protocolos rígidos que incluem varreduras, perímetros de segurança e agentes disfarçados.
Estima-se que mais de 130 profissionais estejam envolvidos diretamente na segurança pessoal do papa, sem contar os serviços de inteligência de países que ele visita. Essa equipe a por intenso treinamento em defesa pessoal, primeiros socorros, estratégias antiterrorismo e línguas estrangeiras. Além disso, submete-se a testes físicos e psicológicos rigorosos.
Vaticano tem orçamento de R$ 2 bilhões por ano
O custo da segurança do papa és sigiloso. Porém, estima-se que o serviço represente uma parcela relevante do orçamento da Santa Sé, que gira em torno de 300 milhões de euros anuais, ou o equivalente a R$ 2 bilhões. Parte desses recursos destina-se principalmente à manutenção da Guarda Suíça, incluindo modernização de equipamentos e ações preventivas.
A segurança papal é especializada sobretudo na proteção de auxiliares e no controle de multidões. Há também expertise em tecnologia de vigilância e cibersegurança, especialmente em tempos digitais, em que as ameaças podem surgir de forma não convencional.
O dia em que uma mulher derrubou um papa
O treinamento existe para evitar surpresas como a que ocorreu em 2008, quando uma mulher conseguiu ultraar a barreira de segurança durante uma missa de Natal e derrubou o Papa Bento XVI. Embora ninguém tenha se ferido gravemente, o caso expôs a necessidade de revisão de protocolos.

Em outra ocasião, o papa Francisco surpreendeu os seguranças ao descer do papamóvel para cumprimentar fiéis, contrariando os protocolos de proteção. Os principais pontos de atenção da segurança são eventos com grande público, viagens a países instáveis e as atividades ao ar livre. Cada aparição pública demanda planejamento especial, mas, às vezes, improvisos colocam em jogo todo o rigor.
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