Agora, o novo papa da Igreja Católica é Leão XIV, de 69 anos. Mas esse não é o nome de batismo dele. A troca faz parte de uma tradição milenar da Igreja.
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Ao nascer, Leão XIV chamava-se Robert Francis Prevost. Sua eleição como pontífice ocorreu nesta quinta-feira, 8. A mudança de nome acompanha a ascensão ao cargo desde o primeiro papa, segundo a tradição católica.
Na origem dessa prática está o próprio apóstolo Pedro. Ao nascer, seu nome era Simão, mas o próprio Cristo o rebatizou. De acordo com a doutrina da Igreja, isso ocorreu no momento em que Simão reconheceu Jesus como Filho de Deus. Cristo, então, o escolheu como a “pedra fundamental” da Igreja — e o novo nome simbolizou sua missão.
Da mesma forma, cada novo papa escolhe um nome para refletir seu propósito.
O que o novo papa revela com a escolha do nome Leão XIV?
Prevost escolheu um nome forte. Além de evocar o símbolo da coragem e da liderança, Leão já foi usado por papas que conduziram a Igreja em tempos turbulentos.
Leão I, também chamado de “o Grande”, liderou a Igreja no século V, enfrentando ameaças externas como Átila, o Huno, e ajudando a consolidar a doutrina cristã. Leão XIII, por sua vez, é lembrado pela encíclica Rerum Novarum (1891), que lançou as bases da Doutrina Social da Igreja. O documento reconhece a necessidade de proteções sociais, mas se distancia das ideologias marxistas e materialistas. A escolha do nome, portanto, sinaliza firmeza em tempos de transformação.
Leão XIV é também o primeiro papa nascido nos Estados Unidos. Isso significa que, pela primeira vez desde o ano 380 — quando a Igreja Católica se tornou religião oficial do Império Romano — o líder da Igreja vem de um país onde o catolicismo não é a religião com o maior número de fiéis.
Ele se tornou padre em 1982. Antes disso, graduou-se em Matemática pela Universidade Villanova, em 1977. Também é mestre em Divindade pela Catholic Theological Union, de Chicago (sua cidade natal), e doutor em Direito Canônico pela Universidade de Santo Tomás de Aquino, em Roma.
Durante a vida religiosa, atuou como missionário no Peru por quase uma década. Depois, assumiu cargos importantes na Cúria Romana. Em 2023, foi nomeado cardeal por seu antecessor e aliado próximo, o papa Francisco — com quem mantinha uma relação de confiança a ponto de ser considerado um de seus “homens de confiança”.
Como o primeiro papa mudou de nome?
Segundo São Mateus, a troca ocorreu logo depois de o apóstolo reconhecer Cristo como o Messias, ou o Filho do “Deus vivo”. O ato é considerado uma profissão de fé.
“Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas”, disse Jesus. “Pois não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas meu Pai que está nos céus. E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”
Desde então, cada nome escolhido por um papa carrega, nas entrelinhas, o peso de uma promessa e o sinal de um caminho.
Não, Pedro não mudou de nome ao assumir o trono papal. Isso começou no século VI, como parte da assunção pelo bispo de Roma (não era chamado de papa no sentido atual, apenas patriarca da Itália e apóstolo do Ocidente…) das prerrogativas imperiais da finada primeira Roma imperial — a segunda Roma, a do Oriente, Constantinopla, é que herdara as prerrogativas e símbolos imperiais, e aliás a soberania sobre a antiga Roma e a Itália, junto com o resto do império.