Na semana ada, a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Damares Alves (Republicanos-DF), esteve na Argentina para visitar exilados do 8 de janeiro. A parlamentar foi acompanhada de assessores, além do senador Eduardo Girão (Novo-CE).
A comitiva esteve no Complexo Penitenciário de Ezeiza, em Buenos Aires, onde estão cinco presos. Todos acabaram na cadeia, em virtude de mandados de prisão expedidos pela Justiça local. O ato ocorreu quando os presos tentaram renovar a precária, documento que permite a estadia temporária de um estrangeiro em determinado país. A seguir, os nomes:
- Rodrigo de Freitas Ramalho, de 35 anos, natural de Marília. Condenado a 14 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
- Ana Paula de Souza, de 34 anos, natural de Florianópolis (SC). Condenada a 14 anos de prisão pelo STF;
- Wellington Luiz Firmino, de 35 anos, natural de Sorocaba (SP). Condenado a 17 anos de prisão pelo STF;
- Joel Borges Corrêa, de 47 anos, natural de Tubarão (SC). Condenado a 13 anos de prisão pelo STF;
- Joelton Gusmão de Oliveira, de 47 anos, natural de Vitória da Conquista (BA). Condenado a 16 anos de prisão pelo STF.
Durante o ato humanitário, Damares e Girão testemunharam a condição de vulnerabilidade dos manifestantes, vítimas também de maus-tratos no cárcere. Os detalhes constam em um relatório da comissão, ao qual a Revista Oeste teve o.
Situação de Ana Paula, presa do 8 de janeiro na Argentina

Ao ser ouvida pela comitiva, em uma sala reservada para o encontro, Ana Paula relatou que vive em um “ambiente de encarceramento hostil”.
De acordo com a mulher, ela divide cela com outras três presas argentinas. Constantemente, as mulheres a ameaçam. Não bastasse a intimidação, Ana Paula tem sido maltratada. Conforme a manifestante do 8 de janeiro, ela recebeu da família um recipiente com água potável, porém, ao acordar, encontrou aranhas colocadas lá dentro.
“A detenta também apresentou sinais de debilidade física e emocional, relatando sintomas compatíveis com quadro depressivo e desânimo geral”, afirmou o documento. “Apontou ainda que aguarda há mais de 30 dias a realização de mamografia para investigação de possível câncer de mama, enfermidade com histórico familiar.”
Segundo os relatos dos congressistas, Ana Paula estava “visivelmente abatida, magra, chorosa e descontrolada emocionalmente”.
Condição dos homens
Depois de falar com Ana Paula, a comitiva conversou com os outros quatro presos, trazidos juntos.
O relatório observa que Joel Corrêa, desde o momento em que foi preso, já perdeu 35 quilos. “Está em depressão gravíssima e já pensou em desistir da vida”, alertou o documento. Os senadores constataram que Corrêa estava com “a boca estourada, como se fosse uma espécie de infecção ou herpes”. Corrêa relatou aos parlamentares que pensou em suicídio várias vezes. Quando chegou à Argentina, o homem tirou carteira de habilitação para trabalhar como motorista, mas teve o sonho de uma vida normal bruscamente interrompido pelas autoridades.
Tutor de uma família com ossos de vidro, doença que provoca fragilidade na estrutura do corpo, Rodrigo Ramalho também perdeu peso (conheça a história de Ramalho aqui). Além disso, ele está com crise de pânico. “Ao se exercitar, rompeu o ligamento dos joelhos”, advertiu o relatório. “Os senadores constataram que o caso é tão grave que, quando Ramalho mexeu o joelho, ouviram um estalo. Rodrigo relata sentir dor o tempo todo.”
A situação é ainda mais dramática para Wellington Firmino. O preso do 8 de janeiro sofreu um acidente na Argentina e precisou fazer uma cirurgia no braço. O pino do braço, contudo, está fora do lugar. “Quando os senadores tocaram no braço dele, sentiram o parafuso fora do lugar”, disse o texto. “Relata que sente dor, por 24 horas.”
O relatório constatou ainda que Joelton está “muito magro, abatido, em depressão”.
Governo Milei
Os senadores estiveram também com Lisandro Catalán, secretário-executivo do Ministério do Interior.
Damares e Girão pediram a ele celeridade na análise dos pedidos de refúgio e solicitaram atenção humanitária aos casos apresentados.
Leia também: “Os exilados do 8 de janeiro”, reportagem publicada na Edição 216 da Revista Oeste
Presos do oito de janeiro estão sendo torturados no Brasil e na Argentina também. Somente a anistia para todos resgatará suas vidas.