O registro de três mortes recentes na Terra Indígena Marãiwatsédé, em Mato Grosso, reacendeu críticas à atuação do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Entidades cobram órgãos federais responsáveis pela saúde indígena.
Uma das vítimas, um bebê xavante de 1 ano e 4 meses, morreu por desnutrição no fim de abril, enquanto outras duas indígenas faleceram em decorrência de apendicite e síndrome respiratória aguda entre março e maio.
Indigenistas da Operação Amazônia Nativa (Opan) enviaram uma carta à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e ao Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Xavante, em 16 de maio, em que cobram providências e apontam agravamento de casos de desnutrição infantil e doenças respiratórias no território.
O documento destaca que as mortes poderiam ter sido evitadas e denuncia a precariedade dos serviços de saúde na região.
Respostas do governo Lula sobre atuação em terra indígena

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Ministério da Saúde afirmou que ampliou o atendimento médico e os recursos para o Dsei Xavante, com aumento de 71% no ree — de R$ 46 milhões em 2022 para R$ 79 milhões em 2024 — e a contratação de 74 novos profissionais desde 2023.
A pasta também informou que a família de um bebê inicialmente recusou a remoção para outro hospital, aceitando-a apenas quando o estado já era irreversível.
A estrutura de saúde na Terra Indígena Marãiwatsédé é precária: há apenas uma unidade básica e nenhuma viatura disponível para atender as 21 aldeias, algumas a mais de 70 km da sede. Profissionais têm recorrido a caronas. “A viatura que existe no posto está quebrada”, disse o indigenista Marcelo Sanches Okimoto.
Lideranças xavantes, como Cosme Rite, cobram um segundo posto de saúde e dizem que a assistência é insuficiente. Cosme perdeu o irmão, Elidio Tsorone, com câncer, e desabafou: “A situação está piorando a nossa saúde”.
A Funai não comentou o caso. Já o Ministério Público Federal em Mato Grosso confirmou o recebimento da denúncia feita pela Opan, mas não informou quais medidas serão tomadas.
Outros fatores
A Opan também apontou a falta de um coordenador no Dsei Xavante como um dos fatores que agravam a crise. A organização relaciona ainda o aumento de doenças às mudanças na alimentação, causadas pelo desmatamento, que já atingiu 70% do território desde os anos 1960. Os xavante retornaram à terra em 2013, encontrando o ambiente devastado.
“O hábito alimentar deles mudou”, disse o indigenista Marcelo Okimoto. “Eles estão começando a consumir coisas que nem são alimento, como salgadinhos e refrigerantes. Quando o povo voltou, a terra já não era mais a mesma.”
O Ministério da Saúde afirmou que realiza ações de suplementação alimentar e vacinação infantil, mas alertou que a recuperação nutricional em crianças é lenta e pode levar anos.
Em 2023, o país já havia enfrentado outra crise semelhante: o governo decretou emergência sanitária para conter a desnutrição e a insegurança alimentar entre os ianomâmis, afetando principalmente mais de 5 mil crianças em Roraima.
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Cadê o STF para dar 14 horas para o governo apresentar o que fazer para resolver o problema…. agora é o consórcio, não precisa