Uma pequena mercearia de bairro em Macapá (AP), chamada “Queijo Minas”, uma locadora de veículos e máquinas no Distrito Federal e uma fábrica de sucos e sorvetes em Tatuí, no interior de São Paulo. Essas foram as principais vencedoras do leilão realizado pelo governo Lula para comprar 260 mil toneladas de arroz, em uma operação de R$ 1,3 bilhão em junho. Na última terça-feira, 11, cinco dias depois, o certame foi cancelado diante da possibilidade de instalação de uma I na Câmara dos Deputados e do pedido de investigação ao Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeita de fraude.
No mesmo dia, o secretário de Política Agrícola do governo, Neri Geller, foi demitido. A justificativa oficial para a anulação do leilão foi que as empresas vencedoras “têm fragilidades”; logo, “não demonstraram capacidade financeira para operar um volume desse tamanho”. Na prática, o problema era ainda maior: elas não são do ramo de importação, ou seja, nem sequer deveriam ter participado da concorrência — duas das arrematantes tinham restrições da Receita Federal para comércio exterior.
Aliás, toda a operação, cujo montante total chega a 300 mil toneladas de arroz estrangeiro tipo 1 — o “agulhinha” —, ao custo de R$ 1,7 bilhão, foi desastrosa.
Aos fatos: a desculpa do governo para importar arroz foi a catástrofe provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional. Porém, entidades e órgãos oficiais afirmaram que 85% da safra deste ano já foi recolhida — ou seja, não há risco de desabastecimento.

A intenção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é distribuir esse arroz com a logomarca do governo Lula, a R$ 4 o quilo, a partir de setembro, o que coincide com o calendário das eleições municipais. O valor de compra final do cereal, no entanto, chegou a R$ 5, o que significa que o governo vai arcar com a diferença — uma modalidade de subsídio estatal conhecida como subvenção. As embalagens pesam 5 quilos.
A Conab foi transformada em braço político desde o ano ado pelo PT. Lula transferiu o órgão do Ministério da Agricultura para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que cuida dos interesses do MST, por meio de decreto. A mudança foi feita para que o controle dos 64 armazéns e graneleiros espalhados pelo país assem para o comando do PT, já que a pasta da Agricultura é considerada sensível — leia-se: precisa manter boa relação com o agronegócio.
O chefe da Conab é o petista Edegar Pretto, nomeado depois de perder a última eleição para o governo gaúcho. Edegar é filho do ex-deputado Adão Pretto, fundador do MST, herdeiro do seu espólio de votos dos sem-terra. A família é inteira de políticos: o irmão de Edegar é deputado estadual, uma espécie de garoto-propaganda da falácia do “arroz agroecológico” do MST.


O perfil das arrematadoras é outro ponto complexo. Ficou claro que o governo não se preocupou em estabelecer parâmetros rigorosos no edital para a seleção. A principal vencedora, a mercearia amapaense Wisley A. de Sousa LTDA, cujo nome fantasia é “Queijo Minas”, foi autorizada a vender quase 150 mil toneladas ao preço de R$ 730 milhões. A Icefruit, de Tatuí (SP), fabricante de polpa de frutas para sucos e sorvetes, ficou com 20 mil toneladas, por R$ 100 milhões. Outro lote ficou com a locadora de veículos e máquinas ASR, do Distrito Federal — 22 mil toneladas, por R$ 112 milhões.

Segundo entidades do ramo, além da capacidade real de armazenagem, a principal questão não respondida é: como essas empresas dariam conta da logística de entrega dos grãos em diversos Estados do país em curto prazo? O arroz estrangeiro seria submetido à certificação de conservação em estoque e às exigências sanitárias brasileiras? Mais: o governo se comprometeria a arcar com prejuízos se o produto nunca chegasse?
Essas e outras perguntas foram feitas na terça-feira por jornalistas durante uma entrevista coletiva com os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). O primeiro se embananou ao tentar justificar as falhas grotescas no leilão. O segundo foi mais direto. Respondeu aos repórteres com um sonoro “Isso não interessa” (veja o vídeo a seguir).
A demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, ex-ministro de Dilma Rousseff e antigo frequentador do noticiário policial — ele foi preso em 2018 pela Lava Jato —, também ampliou a confusão. Durante a semana, a imprensa descobriu que o dono de uma corretora que atuou no leilão, Robson Luiz de França, defende Geller em 30 processos na Justiça. As empresas dele intermediariam 45% do arroz importado.
Os dois mantêm ligação há décadas. França foi assessor de Geller na Câmara dos Deputados e depois na pasta da Agricultura. Ele é sócio do filho do ex-ministro em outra empresa e trabalhou para o diretório do PP de Mato Grosso, liderado por Geller.
O responsável pelo leilão foi o diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, que também foi assessor parlamentar de Neri Geller. O ex-ministro e ex-secretário tentou se eleger senador em 2022, com o apoio de Lula, mas teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral.


No Congresso Nacional, um grupo de parlamentares recolhe s para a instalação de uma I, batizada de I do Arrozão. A iniciativa partiu do gabinete do deputado Zucco (PL-RS), que presidiu a I do MST no ano ado. Faltam 50 s. “O leilão está cheio de irregularidades”, disse Zucco. “Como pode o governo federal comprar arroz de sorveteria, de casa de queijo, de material de locação de veículo pesado">“Estado Relativo Democrático de Direito”
Governo maldito! Não está nem aí para o RS.
Silvio, Amapá lembra Macapá a pior cidade entre 100 brasileiras em saneamento básico, lembra Randolfe e Alcolumbre, lembra pobreza, saúde publica e insegurança, e ainda assim tem uma poderosa empresa autorizada a vender 150 mil toneladas de arroz ao preço de R$730 milhões?.
Não é estranho Silvio?
Onde a quadrilha petista põe o dedo, pode ter certeza que é trambique. Não tinha como ser de outro jeito nesta situação do arroz.
A Conab também deve tá uma “beleza” sendo chefiada por um dos integrantes desta gangue.
Não falha nunca ! Se foi nomeado pelo governo Lula com certeza vai dar nas páginas policiais !
Vergonhosa farra com o dinheiro público.
Isso é que é ser cabras-safados, se aproveitar de uma tragédia que arrasou o Rio Grande do Sul pra roubar, mesmo sabendo que não ia faltar arroz. Uns pestes bobônica desses merece o quê ?
Ouvi na Band do Cláudio Humberto que o Lula em maio/2024 em uma cidade do nordeste (não lembro o nome) falou que o governo importaria arroz
a