Uma província chinesa

A estratégia tarifária de Donald Trump segue sendo uma incógnita e produzindo volatilidade nos mercados por causa das incertezas, mas a cada dia que a fica mais claro se tratar de uma ferramenta de guerra velada contra a China. Ou seja, quem analisa as medidas do governo americano apenas pela óptica econômica, condenando o presidente por ser um “mercantilista”, não está sendo capaz de enxergar o quadro maior, a disputa geopolítica. A China é um inimigo agressivo dos Estados Unidos que precisa ser isolado e contido.

Na mesma semana em que esse plano salta mais aos olhos, com Trump aceitando pausa nas tarifas e conversas com praticamente todos os países à exceção da própria China, que sofreu as maiores tarifas punitivas, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, recebeu uma delegação composta de cinco magistrados do Supremo Tribunal Popular da China e de tribunais superiores do país asiático, além de representantes da Embaixada da China em Brasília. O objetivo do encontro, segundo o STF, era aprofundar a parceria jurídica entre os dois países.

Em 2024, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, fez uma viagem oficial à China, com o objetivo de “encontrar áreas de interesse comum para o lançamento de iniciativas de cooperação bilateral e aprofundar o conhecimento mútuo dos sistemas judiciais de cada país”. A aproximação entre Brasil e China não se dá apenas pelo STF: o governo federal também faz esforço na mesma direção, e Lula não esconde sua simpatia pelo regime “companheiro”. O deputado Orlando Silva, em suas redes sociais, chegou a vibrar com a retaliação chinesa às tarifas americanas, dizendo que Trump joga “Telecatch”, enquanto os chineses são lutadores de kung fu.

Não faltam lideranças brasileiras encantadas com o “modelo chinês”. Ironicamente, são as mesmas que alegam ter “salvado a democracia” da “ameaça bolsonarista”. Ora, até mesmo um petista deve saber que, se tem algo que a China simboliza, certamente não é o modelo democrático! O poder político no país está nas mãos do Partido Comunista Chinês há décadas, e é mantido por meio de muita censura e perseguição. Existem até campos de reeducação no país, em pleno século 21! O sujeito pode até festejar o crescimento econômico chinês, que parece insustentável, mas não pode afirmar que o país é reconhecido pela defesa da liberdade.

No lugar do império das leis, a China tem um ditador todo-poderoso com seu arbítrio. Xi Jinping acumula um poder que somente Mao Tsé-Tung tinha, e a política externa chinesa é cada vez mais agressiva. A China sabota o livre-comércio, rouba propriedade intelectual, manipula seu câmbio, usa os bancos estatais para canalizar os investimentos, tenta comprar quem está à venda ou intimidar e chantagear quem não está, e nem tenta esconder esse modus operandi. Durante a pandemia, que surgiu num laboratório chinês, essa postura ficou escancarada. Ou seja, depender da China é um perigo para o mundo livre!

A Organização Mundial do Comércio se mostrou totalmente incapaz de lidar com o assunto, e por isso Trump resolveu jogar mais pesado. A esquerda democrata pode até criticar Trump pelas tarifas, mas o intuito de enfraquecer a China é comum a ambos os lados. Joe Biden, Hillary Clinton e até George Soros já deixaram claro que veem a China como uma enorme ameaça. Estamos numa espécie de guerra fria 2.0, mas, no lugar do império soviético, é a China quem representa o maior perigo. De certa forma, o inimigo continua sendo o mesmo: o “eixo do mal”, ou seja, países sob o comando comunista.

E nessa disputa, em que Trump vai cobrar cada vez mais caro de quem escolher o lado errado, o Brasil lulista, com apoio supremo, já fez a pior escolha possível. Até mesmo o Irã foi levado para o Brics com o apoio de Lula! Ou seja, aqueles “democratas” que estão “protegendo nossas liberdades” ao declarar guerra ao bolsonarismo colocaram o Brasil de vez no lado errado da guerra, no lado das ditaduras opressoras, do comunismo.

Nessa mesma semana saiu uma longa entrevista de Alexandre de Moraes na New Yorker, com o biógrafo entusiasmado de Che Guevara, o assassino comunista. Com direito a um ensaio fotográfico bizarro, ainda que simbólico, Moraes expõe ao mundo como nosso STF se transformou numa Corte autoritária e personalista. O ministro chegou a dizer que os nazistas dominariam o mundo se contassem com o X, mas todos sabem que a primeira coisa que Hitler faria seria justamente censurar seus críticos na plataforma, exatamente como tem feito o STF.

Alexandre de Moraes já debochou de quem acha que ainda existe comunismo no mundo. Mas a verdade é que o ministro está a serviço justamente da ideologia totalitária nefasta dos materialistas. Para além da guerra política e cultural, existe a guerra espiritual. Os conservadores do lado de Trump não escondem que seu guia é Jesus Cristo. Moraes ostenta, orgulhoso, uma estátua de Exu em seu escritório. Em essência, é essa a guerra em curso. E o Brasil vem se tornando uma província chinesa, com pitadas de religiões africanas. Ser um patriota cristão nesse contexto já virou algo totalmente subversivo, um movimento de resistência…

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