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O papa Leão XIV lidera oração do Regina Caeli na varanda central da Basílica de São Pedro, no Vaticano (11/5/2025) | Foto: Marko Djurica/Reuters
Edição 269

Fumaça branca

Papa Leão XIV foi escolhido para resgatar a Igreja e os valores do Cristianismo. A fumaça branca que o anunciou jamais será vermelha

Alexandre Garcia
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Agora, sim, habemus papam que defende a liberdade de expressão. Ave Leão XIV! O novo papa, na sua primeira fala num auditório, disse que jornalistas presos “desafiam a consciência das nações e da comunidade internacional” e que todos estamos convocados a defender “o precioso valor da liberdade de expressão”. Leão XIV lembrou que somente pessoas informadas podem tomar decisões livres. Parecia estar falando para o Brasil, ou para os aliados anti-Ocidente com quem Lula acaba de se jungir e que também prendem, perseguem jornalistas e tentam censurar a nova voz do povo, que são as redes sociais. Janja bem que tentou censurar o TikTok pela raiz chinesa, mas só conseguiu causar constrangimento e irritação em Xi Jinping, segundo relato de um integrante da delegação brasileira.

O papa também tocou num ponto importante ao se dirigir aos jornalistas: “Nunca nos rendamos à mediocridade”. Nossa ferramenta principal é a língua portuguesa, e noto como estamos sendo medíocres em nossas falas e textos, talvez influenciados pela vulgaridade que tanto aparece nos três Poderes, desde o “perdeu, mané, não amola!”, ando pelo casal presidencial, e terminando em recente comissão do Senado que tratou de apostas (por aqui aplicamos o inglês “bets“). O papa é um agostiniano, um missionário. É uma volta a João Paulo II, que conheceu na carne o comunismo e o venceu, junto com Reagan.

Éramos aliados dos Estados Unidos, do Ocidente. Inclusive na guerra contra o Eixo nazifascista. Os americanos foram os primeiros a reconhecer nossa independência. Hoje, Lula e Celso Amorim nos levam para o eixo comunista Moscou-Pequim, o que já havia sido tentado em 1961, quando o vice presidente João Goulart voou para a China. Quando voltou, o Brasil era outro. O presidente havia renunciado, e Goulart só tomou posse em outro regime, parlamentar, ficando como chefe de Estado enquanto havia um chefe de governo. Lula voou para Moscou e foi para a China e, quando voltar, o Brasil também será outro. Após 64 anos, a história parece se repetir em alguns aspectos. Enquanto Lula voava, a embaixada Argentina em Caracas, com a custódia da bandeira brasileira, era alvo de uma exitosa operação que retirava de lá refugiados do regime de Maduro. No Brasil, ampliava-se o escândalo da Previdência, com cada vez mais envolvidos, exigindo uma I. E se aprofunda o entrechoque entre Legislativo e Judiciário, mostrando uma corda esticada prestes a arrebentar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra com Xi Jinping, o líder chinês, na abertura do IV Fórum Celac-China
Xi Jinping, o líder chinês, recebe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do IV Fórum Celac-China | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula, mais por desconhecimento que por ideologia — esta privativa de Celso Amorim —, em Moscou jungiu o Brasil ao eixo político de Putin e em Pequim juntou o Brasil ao eixo econômico da China. Uniu-se ao grupo que não pode ser chamado de democrático, além disso antiamericano e anti-Ocidente, a que de fato já se havia agregado ao reconhecer, calando, o golpe eleitoral de Maduro e, por preferências pessoais, as ditaduras de Cuba e da Nicarágua. Pouco antes da viagem rumo aos antiocidentais, Lula ainda mandou resgatar a corrupta primeira-dama do Peru, para que ela não revelasse o que foi tramado para que a Odebrecht enchesse mochilas de dinheiro para a campanha de seu marido, Ollanta.

Supostamente, quem votou em Lula para este terceiro mandato o conhece amplamente, depois de oito anos de Presidência, com Mensalão e Lava Jato. Ou está alienado dos fatos ou é fiel seguidor da ideologia que Lula representa, embora ele só tenha sua própria visão de fazer política e istrar. Parte de seus seguidores se movem por fidelidade dogmática, questão de fé quase religiosa. Qualquer eleitor poderia saber que se repetiria no terceiro mandato o que já havia acontecido no primeiro e no segundo, como o derretimento dos Correios. Como o escorpião da travessia do rio com o sapo, a criatura não contraria sua natureza. Além de chamados a pagar todos os gastos do Estado que não se traduzem em bons serviços públicos, os brasileiros são agora atraídos para o eixo Moscou-Pequim.

Adaptando-se a esse eixo, por aqui se tenta calar as redes sociais, última voz da origem do poder, que é o povo. Lula chega a apelar a Xi Jinping, com a argumentação de Janja, por uma censura específica à direita no TikTok. Chegou a confessar que pediu que Xi Jinping mandasse ao Brasil um agente chinês para avaliar a censura que precisa ser feita. Incrível. A desesperança é tanta que se almeja por ações punitivas de Washington. Mas agora surge um reforço, no Vaticano: o papa missionário. Leonardo Boff não gostou dele, e isso é um bom sinal. Mas a maioria dos cardeais rapidamente o elegeu para resgatar a Igreja e os valores do Cristianismo. A fumaça branca que o anunciou jamais será vermelha.

Fumaça branca sai da chaminé no topo da Capela Sistina, no Vaticano (8/5/2025) | Foto: Shutterstock

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5 comentários
  1. DONIZETE LOURENCO
    DONIZETE LOURENCO

    Esplêndido artigo caro Alexandre Garcia.

  2. Candido Andre Sampaio Toledo Cabral
    Candido Andre Sampaio Toledo Cabral

    Alexandre Garcia, obrigado por compartilhar conosco suas experiências.

  3. Isa Maria Borba
    Isa Maria Borba

    Maravilha Alexandre Garcia: ” a fumaça branca jamais será vermelha”. Exatamente isso

    1. Wagner Darlan Antas de Almeida
      Wagner Darlan Antas de Almeida

      Jamais será.

  4. JOSE ROBERTO CARRARA
    JOSE ROBERTO CARRARA

    voce é dez! Alexandre Garcia,,,

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