— Por que você deu na cara dele?
— Porque eu quis.
— Imagino. E por que você quis?
— Porque deu vontade.
— Sem dúvida. Mas teve uma causa pra você chegar a esse extremo?
— Extremo?
— Dar na cara de alguém não é um ato extremo?
— Depende de quem seja esse alguém.
— Ok. Retomando então a questão: por que você fez o que fez?
— Porque ele mereceu.
— Certo. Por que ele mereceu?
— Porque às vezes as pessoas chegam a um ponto que só dando na cara.
— Que ponto foi esse a que ele chegou?
— Chegou, não. ou. Ele ou do ponto.
— De que forma?
— Sendo quem ele é.
— Quem ele é?
— Ué, você não sabe?
— No sentido que você está dizendo, não sei se eu sei.
— Sabe, sim. É bem visível. Todo mundo sabe.
— Mas então… Se todo mundo sabe quem ele é, e na sua concepção isso justifica o que você fez, devo concluir que pra você todo mundo deveria dar na cara dele?
— Não posso falar por todo mundo. Eu fiz a minha parte.
— Se orgulha disso?
— Nem sempre sei por que estou batendo, mas ele sempre sabe por que está apanhando.

— Não teme que te critiquem por discurso de ódio?
— Discurso não é comigo.
— Essa sua postura intempestiva não seria falta de empatia?
— Cuidado.
— Cuidado com o quê?
— Foi assim que começou a conversa dele comigo.
— Está dizendo que pode dar na minha cara também?
— Espero não ter essa vontade.
— Seus interlocutores só ficam seguros na sua presença se você não tiver vontade de agredi-los?
— Não. Você também tem a opção de dar dois os pra trás.
— Você não se sente mal com essa postura beligerante num mundo em que a Rússia ataca a Ucrânia e todos querem a paz?
— Se você continuar com esse discurso sem dar dois os pra trás de repente pode ser tarde demais.
— É uma pena que você não perceba o esforço da União Europeia e de governos como o da França, do Canadá e até do Brasil contra a disseminação do ódio por um mundo melhor.
— Plaft!
Leia também “Os heróis da democracia chinesa”
hahahahahá muito bom Fiuza !!
já devia rer dado a bofetada logo no início da conversa !!
Excelente! Sempre começo a ler minha revista semanal por essa coluna. Amo!