Em reportagem publicada na Edição 272 da Revista Oeste, a jornalista Yasmin Alencar mostra que, embora o Brasil tenha superado a marca de 635 mil médicos em atividade em 2025 — o maior número já registrado —, o país ainda enfrenta desafios críticos na formação e na distribuição desses profissionais. Os dados são da nova edição da Demografia Médica no Brasil, estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB).
Capitais como Brasília e Rio de Janeiro registram índices bem acima do parâmetro técnico de três médicos por mil habitantes, mas regiões como o Norte e o Nordeste continuam com escassez crônica. No Maranhão, a média é de pouco mais de um médico por mil habitantes. No Norte, menos de 5% dos médicos atendem quase 9% da população.
Formação acelerada de médicos, qualidade em xeque
Além da má distribuição, a qualidade da formação preocupa. O Brasil lidera em número de faculdades de medicina — 448 em funcionamento, maior número do mundo, com outras 60 instituições na fila para autorização ou em implantação.
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José Eduardo Dolci, diretor científico da AMB, alerta: “Estamos formando médicos sem a qualificação mínima necessária”. Ele aponta dois gargalos principais: “Essas escolas novas não têm onde treinar os seus alunos, especialmente no internato, que é eminentemente prático. E há falta de professores qualificados.”
Entre 2014 e 2025, o número de escolas ou de cerca de 250 para 448. “Se somarmos as autorizadas e judicializadas, podemos chegar a 700 faculdades de medicina”, diz Dolci. “É um disparate.”
Ele também alerta para a projeção de que, em 2035, o Brasil poderá ter mais de sete médicos por mil habitantes.
“Se estivéssemos formando médicos com qualidade, a população estaria bem servida” destacou. “O problema é que não estamos.”
Carreira nacional e exame de proficiência
Para garantir qualidade, as entidades médicas defendem um exame de proficiência obrigatório ao final do curso. “Precisamos colocar apenas médicos com qualidade para atender a população brasileira”, afirma Dolci. O projeto de lei, já aprovado na Comissão de Educação do Senado, tramita no Congresso.
Outra proposta é a criação de uma carreira nacional para médicos, com concurso público e progressão. “Da mesma forma que há para promotores e juízes, deveria haver para médicos. Isso ajudaria a fixar profissionais nas regiões mais carentes”, defende Dolci.
Concentração nos grandes centros
Mesmo com o aumento no número de médicos, a desigualdade regional persiste. “Continuamos com um contingente muito grande nos grandes centros, e poucos médicos no Norte e Nordeste”, observa o diretor da AMB.
A falta de infraestrutura nas regiões remotas e a ausência de residências médicas de qualidade impedem a fixação. “O que fixa o médico não é a escola onde ele se forma, mas onde faz a residência”, explica. “E essas regiões não oferecem boas residências.”
Clique aqui para ler a reportagem completa de Yasmin Alencar na Edição 272 da Revista Oeste.
Revista Oeste
A Edição 272 da Revista Oeste vai além do texto de Yasmin Alencar. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de J. R. Guzzo, Augusto Nunes, Alexandre Garcia, Rodrigo Constantino, Guilherme Fiuza, Ana Paula Henkel, Tiago Pavinatto, Eliziário Goulart Rocha, Cristyan Costa, Adalberto Piotto, Ubiratan Jorge Iorio, Carlo Cauti, Roberto Motta, Evaristo de Miranda, Brendan O’Neill (Spiked) e Daniela Giorno.
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Infelizmente em anos de governos de esquerda acabaram com a excelência de nossas universidades, distribuíram diplomas mas não deram conhecimento adequado, como em Cuba existem mais médicos e médicas do que bons diaristas. Diploma qualquer um pode ter nos moldes das nossas universidades istradas por membros da esquerda, mas qualidade profissional é para poucos.
A formação médica, já sofrível há alguns anos, mergulha agora num abismo.
Médicos recém graduados em faculdades de baixíssima qualidade, são convidados a lecionar sem que tenham melhorado sua formação em algum programa de residência ou pós graduação, agravando sobremaneira a qualificação de graduandos que são literalmente jogados no mercado. Além do aviltamento da profissão, temos um elevação dos riscos à população.
Há um outro problema nao citado na reportagem, as cidades do interior por exemplo onde existe escassez de profissionais, deriva de que o médico ou médica, trabalha em condições adversas com relação à equipamentos e materiais e os es que recebem as verbas federais para alocar na saúde, geralmente desviam para seus proprios interesses.