O Twitter foi lançado em julho de 2006. A rede social se tornou uma instituição internacional. Estabeleceu-se como porta-voz ao mesmo tempo de governantes e de pessoas comuns, de grandes impérios empresariais e da lojinha da esquina. “Tuitar” virou um verbo usado diariamente. E seu logo, um arinho azul, uma das marcas mais reconhecidas do planeta.
Então, por qual razão um empresário mudaria o nome já amplamente estabelecido da rede para X e o arinho por uma letra em preto e branco? E não foi um empresário qualquer — foi Elon Musk, o homem mais rico do mundo. Tudo bem que ele queira criar um aplicativo mais abrangente, misturando rede social com aplicativo financeiro e outras funções, e deseje marcar essa mudança. Mas por que se arriscar desse jeito, especialmente sendo alvo diário da implacável imprensa “progressista”, disposta a pegar no seu pé pelos motivos mais fúteis?
A mudança de nome não foi um ato inesperado. Musk tem uma fixação pela letra “x” desde sempre. Sua primeira empresa, que ele fundou com seus primeiros 12 milhões de dólares aos 28 anos, foi batizada como X.com. Em 2002, ele criou a empresa de exploração espacial privada SpaceX. E, neste ano, fundou sua empresa de inteligência artificial, que batizou de xAI. Seu filho foi batizado como X AE A-XII Musk. Mas atende pelo primeiro nome: X.

A razão para essa obsessão parece bizarra. Segundo Julie Anderson, que foi vice-presidente do PayPal, o nome da primeira empresa de Musk foi decidido num bar chamado Blue Chalk, na cidade de Palo Alto, Califórnia. Elon e seus amigos empreendedores queriam lançar uma nova marca de cartão de crédito que fosse identificada por uma única letra, seguida de “.com”. Eles estavam na dúvida entre “q”, “x”, ou “z”. A discussão continuava acalorada, e eles não chegavam a uma conclusão.

“Quando a garçonete chegou com uma nova rodada de drinques”, lembra Julie Anderson, “Elon perguntou o que ela achava das sugestões, e a atendente disse que gostava de ‘x.com’. Elon deu um murro na mesa e disse ‘então é isso aí!’, e todo mundo riu, mas no final foi desse jeito que se decidiu”.

“X” não teria nenhum outro significado para Elon Musk além de ser a opinião de uma garçonete do hoje extinto Blue Chalk? Essa moça pode ter ajudado a batizar o maior projeto empresarial de todos os tempos, que um dia poderá levar humanos a Marte? Musk depois declarou que o X “incorpora as imperfeições em todos nós que nos fazem únicos”. Mas não foi muito além disso.

1 bilhão no negativo
Para o brasileiro Eike Batista, que também chegou a frequentar a lista dos mais ricos do mundo, a letra “x” tinha um significado muito preciso. O mineiro de Governador Valadares começou sua fulminante carreira com a empresa EBX. “EB” de Eike Batista. “O ‘X’”, segundo ele, “representa a multiplicação, acelera a criação da riqueza”.
Com isso em mente, Eike criou empresas como a OGX (de óleo e gás), a MMX (de mineração), a CCX (especializada em carvão mineral), a LLX (de logística) e a OSX (indústria naval). Aos 29 anos ele já era CEO de uma empresa canadense chamada TVX Gold. Em 2012, sua fortuna era avaliada em US$ 30 bilhões, e ele se tornou o sétimo homem mais rico do mundo, segundo a lista da revista Forbes.
Será que o poder multiplicador da letra “x” teria acelerado sua não menos fulminante queda? Apenas dois anos depois de chegar ao topo, Eike Batista tinha um “patrimônio” reduzido a vertiginosos US$ 1 bilhão — no negativo. A partir de 2015, ele ou a enfrentar a Justiça, num tempo em que a Polícia Federal prendia corruptos. Em 2017, entrou na lista de foragidos da Interpol num inquérito ligado à Operação Lava Jato, acusado de pagar propina no valor de R$ 16,5 milhões para o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Foi solto após acordo de colaboração premiada. Hoje, ambos estão livres do xilindró (para continuar no “x”).

A equação, o cromossomo e o raio
A letra “x” carrega uma mística infalível. Ou o grupo de mutantes que Stan Lee criou para a Marvel poderia se chamar M-Men, J-Men ou qualquer outra coisa que não fosse X-Men. E a série sobre alienígenas se chamaria Arquivo-A ou Arquivo-W, e não Arquivo X. Mas “x” lembra mistério, magia. Em boa parte isso acontece por causa de seu uso matemático.
Uma equação, segundo uma definição rigorosa da Enciclopédia Britânica, é uma “declaração de igualdade entre duas expressões compostas de variáveis e/ou números”. O “x” faz o papel da incógnita. Num exemplo bem simples: 3 × 4 = 6 × x. Ou seja: por quanto eu tenho que multiplicar o 6 para que o resultado seja o mesmo que 3 vezes 4">“Oppenheimer: o destruidor de mundos”
Excelente texto ! (só aqui já tem 2 “x” ) . Sempre há o “x” da questão . Mas tem mesmo uma razão de ser a substituição do arinho azul pelo “X” . Usamos o “x” todos os dias …..
okx?
Texto Brilhante, como me enriqueceu o entendimento desse nosso tempo.
Parabéns ao autor!
Quando soube da troca do símbolo, só pensava na Xuxa. Argh!
Kkkk
Nunca imaginei que a letra x rendesse uma matéria incrível como essa, parabéns pelo talento!