Em 1984, George Orwell descreve uma distopia totalitária em que o Partido manipula absolutamente tudo, controlando até o que se a no quarto particular de cada indivíduo. “Quem controla o ado controla o futuro; e quem controla o presente controla o ado.” A distopia não era um mundo imaginário: era basicamente a descrição do regime soviético. Os comunistas sempre usaram a manipulação e a mentira deliberada como métodos para controlar seus escravos.
Em outra agem, Orwell explica a tática do relativismo: “No final, o Partido anunciaria que dois mais dois são cinco, e você teria que acreditar nisso. Era inevitável que eles fizessem essa afirmação cedo ou tarde: a lógica de sua posição exigia isso. Não apenas a validade da experiência, mas a própria existência da realidade externa era tacitamente negada por sua filosofia. A heresia das heresias era o bom senso. E o que era aterrorizante não era que eles te matariam por pensar diferente, mas que eles poderiam estar certos. Afinal, como sabemos que dois mais dois são quatro? Ou que a força da gravidade funciona? Ou que o ado é imutável? Se tanto o ado quanto o mundo externo existem apenas na mente, e se a própria mente é controlável — o que acontece então?”

Essas agens são assustadoras, principalmente para quem vive uma realidade similar. Não por acaso, depois de ser submetido à tortura, Smith, o herói do livro, termina rabiscando numa mesa que dois mais dois são quatro. Manter a sanidade em meio à loucura geral é o grande desafio. E justamente por isso os comunistas fazem de tudo para que cada vítima sofra o máximo possível de dissonância cognitiva, até o ponto em que am a duvidar dos seus próprios olhos, rejeitar o bom senso, questionar a própria realidade.
Esse é o Brasil de hoje. Qualquer pessoa minimamente sensata sabe que o suposto golpe bolsonarista não a de uma narrativa criada pelos verdadeiros golpistas. Ninguém sério pode levar a sério um “golpe armado” sem armas, um atentado ao Estado de Direito com o uso de um batom por uma cabeleireira sem qualquer antecedente criminal. Derrubar as mentiras dessa narrativa não é a missão mais difícil; o problema é que o regime criado pelo golpe dado pelo consórcio PT-STF, com apoio da velha imprensa, é quem controla o poder.
A banalização do absurdo, a normalização de um estado de exceção, a aceitação de um grau ímpar de promiscuidade, tudo isso vai anestesiando um povo submetido cada vez mais a um sistema opressor, corrupto e autoritário. Alexandre de Moraes, por exemplo, chamou o jornalista Paulo Figueiredo de “pseudojornalista”, exalando ódio por seus poros, e afirmou que ele está “foragido”. Figueiredo está sendo julgado à revelia, sendo que tem endereço fixo nos Estados Unidos, onde mora há uma década. O caminho legal para citá-lo seria por carta rogatória. Mas o Supremo não liga mais para esses “detalhes”.

O decano da Corte é também empresário, promove encontros entre ministros supremos e outros empresários, muitos dos quais acabam tendo processos julgados pelo STF, não esconde seu ativismo político e ainda manda na CBF! Em qualquer país sério do mundo isso seria motivo para impeachment. No Brasil surrealista, é mais uma segunda-feira. E eles repetem que estão “salvando a democracia”, na maior cara de pau! Os súditos precisam fingir que acreditam na mentira.
“Se um tribunal não cuida dos assuntos dos mais pobres, das viúvas, dos órfãos, enfim, daqueles que sofrem, será tudo menos um tribunal”, disse o ministro comunista Flávio Dino, do STF. Mas onde, na Constituição, há essa prerrogativa de utilizar o poder supremo para fazer “justiça social” e “cuidar dos pobres”? Não é preciso ser um jurista para identificar o absurdo da fala de Dino, que claramente confunde os papéis — talvez porque num só ano tenha sido do Poder Executivo, do Poder Legislativo e, depois, do Poder Judiciário. Se bem que a confusão é perene mesmo: quando ministro da Justiça, ele disse que a Polícia Federal servia à causa de Lula, seu chefe. Dino, que dá pitaco em eleição no Maranhão, garante que está protegendo a democracia. É uma mentira escancarada, mas que precisa ser engolida pelo povo.
“Nunca soube de tirano anunciar ser contra a democracia”, disse sua colega Cármen Lúcia. É verdade. Normalmente, os tiranos fazem justamente o contrário: garantem que estão tomando medidas arbitrárias e drásticas para “salvar a democracia”, nem que seja de golpes imaginários. Talvez a ministra do STF devesse refletir sobre a censura antidemocrática que defendeu, em caráter “excepcionalíssimo”, mas que dura até hoje. Cármen Lúcia, adorada pela velha imprensa, jura que a época do “cala a boca já morreu”, mas é cúmplice da censura suprema. Tome mentira deliberada enfiada goela abaixo dos otários!
O intuito de tanta mentira não é exatamente preservar um verniz de republicanismo institucional, pois qualquer pessoa atenta já sabe que o consórcio PT-STF é uma piada de mau gosto. O objetivo é humilhar os derrotados mesmo, provar quem manda nessa várzea, e produzir o efeito espiral do silêncio em todos que enxergam a realidade, mas começam até a duvidar do que veem. George Orwell, se visse o Brasil de 2025, certamente teria inspiração para escrever uma nova distopia totalitária. Ao Silva, personagem principal dessa trama, restaria rabiscar quieto em sua mesa que dois mais dois são quatro, não importa o que dizem os donos do poder…

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1984 é sem dúvida a Distopia das distopias. Ao lê-lo senti calafrios. Não estamos longe dela.