Praticar exercícios físicos regularmente é uma das principais recomendações para manter o corpo saudável e prevenir diversas doenças. Além de contribuir para o bem-estar geral, a atividade física tem papel fundamental na proteção do sistema cardiovascular e dos rins, órgãos essenciais para o funcionamento do organismo. No entanto, para aproveitar todos os benefícios, é importante adotar alguns cuidados específicos durante o treino. Segundo a nefrologista Dra. Lívia Kathiane – (CRM 11961 – RQE 9336), manter a saúde renal durante a prática esportiva requer atenção a fatores como hidratação, alimentação e acompanhamento profissional. Pequenas atitudes podem fazer grande diferença na prevenção de problemas renais e cardiovasculares, especialmente para quem já possui alguma condição de saúde ou realiza atividades de alta intensidade.
Por que a hidratação é fundamental durante o exercícios físicos?
Beber água antes, durante e após o treino é essencial para evitar a desidratação e proteger os rins. Durante a atividade física, o corpo perde líquidos e minerais pelo suor, o que pode comprometer o funcionamento renal se não houver reposição adequada. A ingestão de água ajuda a manter o equilíbrio do organismo, facilitando a eliminação de toxinas e prevenindo complicações como a hipernatremia, que ocorre quando há aumento nos níveis relativos de sódio no sangue devido à perda de água sem reposição suficiente.
A ingestão de água deve ser ajustada de acordo com a intensidade e duração do exercício, bem como as condições ambientais, para evitar tanto a desidratação quanto a hiponatremia. Em ambientes muito quentes ou durante treinos prolongados e intensos, as perdas de líquidos e eletrólitos podem ser ainda mais significativas, tornando fundamental uma avaliação individualizada da ingestão de líquidos, inclusive recorrendo a bebidas isotônicas quando necessário, para garantir o equilíbrio hidroeletrolítico e prevenir riscos à saúde renal.
Além disso, optar por água em vez de bebidas açucaradas contribui para evitar o consumo excessivo de calorias e açúcares, que podem sobrecarregar os rins e o sistema cardiovascular. Em situações de treinos intensos ou de longa duração, como maratonas, pode ser necessário recorrer a bebidas isotônicas para repor não apenas líquidos, mas também sais minerais perdidos.
Como a alimentação influencia a saúde dos rins durante o treino?
A dieta desempenha papel importante na proteção dos rins, especialmente quando se trata do consumo de proteínas. Embora as proteínas sejam essenciais para a recuperação muscular, o excesso pode sobrecarregar os rins, principalmente em pessoas com predisposição a doenças renais. Evitar dietas hiperproteicas e não ultraar 1,2 a 2,0 gramas de proteína por quilo de peso corporal por dia é uma recomendação importante para quem deseja manter a saúde renal.
Além disso, é recomendável monitorar a ingestão de proteínas de origem animal, que podem ser ricas em gorduras saturadas, optando sempre por fontes magras, como aves sem pele e peixes, e equilibrando o consumo com proteínas de origem vegetal, como feijões, lentilhas e grão-de-bico. Essa escolha pode ajudar a reduzir a ingestão de gorduras saturadas, associadas a riscos cardiovasculares, promovendo uma alimentação mais saudável e amigável para os rins.
O acompanhamento de um nutricionista é fundamental para ajustar a alimentação de acordo com as necessidades individuais, levando em conta o tipo de atividade praticada, a intensidade dos treinos e possíveis condições de saúde. Para atletas de alta performance, a reposição de minerais também deve ser monitorada para evitar desequilíbrios que possam afetar o funcionamento dos rins.
Vale destacar que, de acordo com as recomendações atuais, a ingestão diária de proteínas para atletas deve ser de 1,2 a 2,0 g por quilo de peso corporal, conforme o tipo e intensidade do exercício. Ultraar esse intervalo pode não trazer benefícios adicionais e, ainda, representar riscos de sobrecarga renal.
Quais cuidados extras são necessários para proteger os rins durante os exercícios físicos?
Evitar o uso de energéticos e a suplementação sem orientação médica ou nutricional é fundamental para prevenir riscos à saúde renal e cardiovascular. Energéticos podem elevar a pressão arterial e aumentar o risco de arritmias, enquanto suplementos inadequados podem sobrecarregar os rins e provocar efeitos adversos.
Além disso, é importante respeitar os limites do corpo e não exagerar na intensidade dos treinos, especialmente para quem está iniciando uma rotina de exercícios ou possui histórico de doenças renais. O acompanhamento regular com profissionais de saúde, como médicos e nutricionistas, garante que a prática esportiva seja segura e adequada às condições individuais.
Realizar exames regulares para monitorar a função renal é uma orientação essencial, principalmente para quem consome suplementos proteicos ou possui histórico de doenças renais. Essa prática permite identificar precocemente possíveis danos aos rins, o que facilita o ajuste da dieta e do uso de suplementos conforme a necessidade individual, promovendo segurança para a prática esportiva e a saúde a longo prazo.
Quais são as principais dicas para manter a saúde renal ao se exercitar?
Para quem busca proteger os rins durante a prática de atividades físicas, algumas orientações são essenciais:
Hidratar-se adequadamente antes, durante e após o exercício;
Preferir água a bebidas açucaradas;
Ajustar a ingestão de água conforme intensidade, duração do treino e condições ambientais para evitar desidratação e hiponatremia;
Evitar dietas ricas em proteínas sem acompanhamento profissional;
Monitorar a ingestão de proteínas de origem animal, preferindo fontes magras e equilibrando com proteínas vegetais;
Optar por bebidas isotônicas em treinos de alta intensidade ou longa duração;
Não utilizar energéticos e suplementos sem orientação de um especialista;
Realizar exames regulares para monitorar a função renal, especialmente se consumir suplementos ou possuir fatores de risco.
Adotar essas medidas contribui para a manutenção da saúde renal e cardiovascular, permitindo que a atividade física traga benefícios de forma segura. Consultar profissionais de saúde regularmente é uma forma eficaz de garantir que o treino esteja alinhado às necessidades do organismo, prevenindo complicações e promovendo qualidade de vida.Recomenda-se ainda dar preferência a fontes magras de proteína animal e equilibrar a dieta com proteínas vegetais, reduzindo o consumo de carnes vermelhas e processadas, que possuem maiores índices de gorduras saturadas.Além da qualidade, opte pelo equilíbrio entre proteínas animais (preferindo as magras) e vegetais, criando variedade e reduzindo riscos à saúde cardiovascular e renal.Também é indicado escolher fontes magras de proteínas animais e aumentar o consumo de proteínas vegetais na rotina.Priorizar fontes magras de proteínas animais, incluir mais proteínas vegetais e limitar o consumo de gorduras saturadas são atitudes que promovem saúde renal e cardiovascular.
Saiba quais os cuidados necessários com os rins ao praticar atividade física / Créditos: depositphotos.com / IgorVetushko
Recomendações da OMS sobre exercícios físicos, saúde renal e cardiovascular
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca a importância da prática regular de exercícios físicos para a prevenção de doenças crônicas, como hipertensão, doenças cardiovasculares e complicações renais. Segundo a OMS, adultos devem praticar pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada por semana, ou de 75 a 150 minutos de intensidade vigorosa, além de realizar atividades de fortalecimento muscular em dois ou mais dias por semana.
Essas diretrizes visam não apenas promover a saúde do sistema cardiovascular, mas também proteger outros órgãos vitais, como os rins, já que a atividade física regular auxilia no controle da pressão arterial, no gerenciamento do peso corporal e na redução do risco de diabetes tipo 2 — todas condições intimamente relacionadas à saúde renal.
Além disso, a OMS enfatiza o papel da hidratação adequada durante qualquer atividade física e recomenda a adoção de hábitos alimentares balanceados, com consumo moderado de proteínas e redução de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas e sódio, fatores que também impactam na saúde dos rins e do coração.
Outro ponto ressaltado pela OMS é a individualização do cuidado: para pessoas com condições crônicas, idosos ou aqueles com fatores de risco para doença renal, recomenda-se acompanhamento multiprofissional e personalização das metas de atividade física e dieta. Adotar essas recomendações globais contribui para uma vida ativa, com menor risco de doenças renais e cardiovasculares a longo prazo.